domingo, 16 de setembro de 2012

Resident Evil: Retribuição - crítica

trailer 1
trailer 2
 
Ada Wong, Leon S. Kennedy, Albert Wesker, Jill Valentine e Barry Burton. Protagonistas dos jogos que aparecem no quinto filme da franquia. Faltou Carlos Oliveira, que tem uma aparição mísera, dispensável, e a Alice, que apesar de eu gostar do trabalho da Milla Jovovich, me recuso a colocá-la.
 
ATENÇÃO:
Esse texto contém spoiler. Se você pretende assistir ao filme, não leia.

         Reunir personagens tão importantes para os fãs de uma saga que se iniciou em 1998, em uma adaptação cinematográfica não é tarefa fácil. Anos depois de adaptar Mortal Kombat para as telonas, o diretor, roteirista e produtor Paul W. S. Anderson decidiu se aventurar pelo universo de terror do jogo da Capcom, Resident Evil.

         Sexta feira estreiou a quinta parte da franquia, Resident Evil: Retribuição. Como fã da saga nos videogames (apesar de não ter assistido a nenhum dos anteriores no cinema) decidi por assistir a esse no cinema, e em 3D. O trailer, que eu vi no domingo passado me deixou extasiado. Ver Leon, Ada, Jill e Barry em um mesmo filme era mais do que um sonho.

         Fui hoje ao cinema. O filme começou. Passou. Acabou. E deixou a sensação de 'cadê a história?'.

         O filme começa imediatamente após o fim do quarto filme, Quando Jill, sob o comando da Umbrella ataca o navio de refugiados comandado por Alice. Após uma batalha - com ótimos efeitos - digna de qualquer jogo, menos de Resident Evil, Alice acorda em uma casa, com marido e filha. A casa é atacada por zumbis que correm e sobem as escadas (a partir daqui, spoiler) e após muita fuga, ela salva a filha com a ajuda de Rain (a personagem de Michelle Rodrigues que morreu no final do primeiro filme) mas é atacada por seu marido que se tornou zumbi. Alice acorda então presa em uma cela, sendo interrogada por Jill. Claire e Chris, que apareceram nos filme anteriores da série, simplesmente sumiram (para bom entendedor fica claro que foram sequestrados pela Umbrella, mas nenhuma desculpa nos é dada).

         Do nada a segurança é desarmada e Alice consegue fugir da cela. Se embrenhando pelo laboratório, ela se depara com Ada Wong (a cena é uma recriação exata do reencontro entre Leon e Ada no castelo em RE4, incluindo a arma jogada ao alto, o pulo de Ada terminando com ela apontando a arma para Leon e ele com a faca em seu pescoço, mas dessa vez, é Alice quem recria a cena com a bela de vermelho, primeiro ponto a me deixar com raiva).

         É então que começa a história - ou melhor, deveria começar. Alice descobre que Ada e Wesker estão juntos contra a Umbrella e contam com o apoio de Leon, Barry e mais dois figurantes que estão ali apenas para morrer nas mãos dos famosos monstros da série - o Licker está presente (e dessa vez muito mais bem feito que o do primeiro filme), o assassino da serra elétrica de RE4, o grandão do machado e os Majins de RE5.

         Há algumas sequências de fugas, personagens separados, e Alice enfrenta com a pequena ajuda de Ada os gigantes de RE5. Claro, como não poderia deixar de ser, é Alice quem os derrota, sendo a inteligente que tem a idéia mirabolante de atirar no tanque do carro. As duas atiram, mas é a bala da arma de Alice que faz o tanque explodir. Assim como é Alice quem mata os Lickers, é ela quem traz Jill de volta para o lado do bem e é ela quem mata Rain. Ou seja, apesar do elenco estelar dos jogos, é Alice quem continua mandando e desmandando nos filmes.

         Disso aliás, nem vale a pena reclamar. Sempre foi assim, e assim será enquanto a franquia seguir esse ritmo. O problema do filme vai além da presença constante de Alice. Leon, Barry e Ada simplesmente aparecem do nada. Tem uma ligação com a Umbrella, ok. Mas qual a função deles? O que faziam antes quando o mundo estava se acabando por conta do vírus? Nada é explicado. Claire, quando surgiu em RE Extinção, era uma fugitiva que buscava um lugar seguro com alguns sobreviventes. Jill em RE Apocalypse já era uma policial de Raccoon City, enfrentou os zumbis enquanto Alice dormia após os eventos do primeiro filme. Já Barry, Leon e Ada surgem simplesmente como agentes em busca de Alice, sem uma informação adicional, que possa ajudar a entender a participação deles no filme.

         O diretor disse em entrevista que havia feito uma pesquisa com o público para saber quem eles queriam ver no próximo filme. Esses foram os escolhidos. Mas poderiam ganhar uma história mais decente, não apenas coadjuvantes, escadas (termo usado para definir o personagem sem função que serve apenas para dar destaque a um protagonista) para Alice.

         Outro ponto sem explicação é a presença de personagens dos primeiros filmes. Rain que morreu e se transforou em zumbi dentro do trem ao final do primeiro filme aparece viva e em dose dupla. Carlos Oliveira, que se matou em uma explosão de um caminhão tanque no final do terceiro filme também aparece como um dos seguidores de Jill, tendo uma morte digna de figurante (nem me lembro como foi). E o capitão (?) One, personagem que morreu dentro de um corredor, tendo seu corpo atravessado por uma teia de raio laser também está no filme. Para quem acompanha a série de filmes pode-se concluir que eles sejam apenas clones, assim como a própria Alice tem seus vários espalhados pelos laboratórios da Umbrella. Mas explicaçõe acerca de suas presenças não são dadas, deixando-nos apenas com especulações.

         Outra decepção, para ser somada à lista é a morte do personagem Barry Burton. Sem começo, sem meio e agora sem um fim digno, um dos personagens mais importantes do jogo apareceu e sumiu como se fosse apenas mais um personagem qualquer.

         As cenas de ação foram muito bem feitas, com efeitos ótimos, principalmente em 3D, mas pecaram pela falta de estrutura, de motivação. Alguém aparecia em algum lugar, vinha um bando de inimmigos e tudo começava. Alice aparecia, salvava o mundo e pronto, tudo acabava. Um ponto forte foi a caracterização dos personagens. Barry ficou identico ao de RE1 com a jaqueta vermelha, porém mais magro, mais jovem e menos carrancudo, Leon com sua jaqueta de couro do RE 4 e a franja que marcou o personagem, e a mais impressionante de todas, Ada Wong, com o mesmo vestido vermelho, o mesmo corte de cabelo e a mesma sensualidade da personagem no RE4.

         A saga começou bem com o suspense de RE O Hospede Maldito, as referências aos jogos de RE Apocalypse, mas desde o RE Extinção vem se perdendo em sua história. Perdendo fôlego. Eu, como fã que sou, acho que deveriam partir para um reboot e começar a contar a história do começo, em Raccoon City, com os personagens que consagraram a história. E de preferência com um diretor menos 'viajante' do que o Paul Anderson.

         Mas, enquanto isso não acontece, o jeito é aceitar o que temos e esperar os próximos filmes sairem em dvd, pois se a história continuar seguindo o rumo que está seguindo, não valerá a pena assistir aos próximos no cinema.

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